segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Entrevista: Alex Buzeli - parte II

Buzeli questiona Beluzzo no Museu do Futebol


IP - Encontrei seu blog, Socialismo e Palmeiras, e aproveitando o gancho do nome, você acredita na viabilidade de implantação do sistema socialista no Brasil mesmo na atual conjuntura, do capitalismo consolidado? Por quê?

Alex Buzeli - Primeiro gostaria de deixar claro que o socialismo em meu modo de ver não é o socialismo que existiu na União Soviética, China, Cuba, etc. Socialismo pressupõe participação popular democrática nas decisões econômicas, políticas, culturais, da sociedade. Socialismo é o regime de participação política democrática mais avançada. Não é a ditadura de um homem ou de um Partido.

A viabilidade da existência do socialismo deve ser vista através de duas perspectivas. A primeira é da viabilidade estrutural, se assim podemos chamar. Ou seja, existem as bases econômicas suficientes para que o socialismo se desenvolva no Brasil, há a possibilidade de desenvolvimento tecnológico, cultural e social que possa ser a base do socialismo? Entendo que deste ponto de vista existem as condições para a existência do socialismo no Brasil.

Outra questão é que o socialismo pressupõe participação política constante de amplos setores da sociedade, essa participação não existe hoje no Brasil, os grupos organizados são poucos e os que existem entram no próprio sistema e não conseguem mudar a sua dinâmica. Os raros grupos que realizam uma crítica acertada ao sistema e desenvolvem algum tipo de ação política que possa gerar frutos do ponto de vista da construção de uma sociedade socialista, são pequenos e hoje não conseguem interferir significativamente na sociedade. Isso quer dizer que, como disse Fukuyama é o fim da história, o capitalismo venceu. Longe disso, isso quer dizer que neste momento histórico, específico e que não é estático, ou seja, nem sempre foi assim e nem sempre continuará assim, o socialismo é mais uma aspiração que uma alternativa concreta a curto prazo. Mas a história muda, e os elementos que criaram o ideário socialista permanecem, todos os problemas do capitalismo, econômicos (como as crises cíclicas que acontecem aproximadamente a cada 5 ou 6 anos), sociais, como a desigualdade gritante, ambientais, éticos, como o massacre do continente africano utilizado como um imenso laboratório explorado pelas empresas capitalistas, permanecem.

Mas as condições devem existir, pra que seja possível a construção do socialismo. Vejo a grande mídia demonizar o Chaves no Brasil, o que, diga-se de passagem, não acontece entre as populações de outros países latino-americanos, mas em termos de democracia houve um grande avanço na Venezuela, as pessoas que antes ignoravam hoje conhecem a constituição, debatem política, houve uma imensa melhora no sistema de ensino, livros são distribuídos gratuitamente e lidos por boa parte das pessoas, os plebiscitos e eleições acontecem quase que anualmente, a população é estimulada a formar grupos, se organizar e agir coletivamente, ao contrário do que ocorre aqui onde quem se organiza e vai a luta é reprimido, etc. Mas lá há um problema, a base econômica do país é muito fraca. Existe a indústria do petróleo, um pouco de construção civil e mais nada praticamente, nem mesmos aquelas indústrias mais básicas de bens de consumo ou alguma produção agrícola em maior escala, os caras importam até alimento. Sem essa base, não há construção do socialismo possível, e a personificação do poder, mesmo que haja estímulo a participação popular, se torna inevitável.

IP- Voltando a falar de Palmeiras, li o post em que você sugere mudanças estatutárias no clube. Você participa do Conselho palmeirense? É sócio-torcedor?


Alex Buzeli - Cara a política do Palmeiras, assim como a de quase todos os clubes brasileiros é muito arcaica. São famílias que controlam há décadas o clube como se fosse propriedade particular, como se fosse a sua casa, seu carro, sua empresa. É sintomática a atitude do Palaia de tirar dinheiro do bolso para pagar os salários atrasados. Ele age como se o Palmeiras fosse a sua imobiliária. "O clube está em dificuldades, tudo bem, eu tiro do meu bolso agora e pego depois, tá tudo em casa". Isso é um absurdo, se ele soubesse que se o Palmeiras fosse controlado democraticamente, saberia que a entidade teria que agir como qualquer outra empresa ou entidade pública. Está em dificuldades corre atrás do melhor empréstimo, renegocia as dívidas, negocia o pagamento com os credores, busca maiores receitas, etc., tudo o que o Belluzzo estava tentando fazer, pelo menos é o que parecia para quem, como eu, não está no dia-a-dia do clube.

Mas não, o Palmeiras é controlado de forma patrimonialista. Como se fosse uma empresa familiar que passa de pai pra filho. Veja os diretores dos anos 40, 50, 60, até hoje e você perceberá que os sobrenomes continuam os mesmos. Sou descendente de italianos, mas não sou filho de empreiteiro, advogado, economista, etc., não tenho espaço na política do Palmeiras e mudá-la por dentro é quase impossível. Quem lá está quer se perpetuar no poder, você viu as mudanças estatutárias propostas? Risíveis. Não mudam nada. O Belluzzo sozinho não teve forças pra mudar muita coisa. Você sabe quanto uma pessoa gasta pra ser eleito no Palmeiras? Por volta de 25 mil reais por baixo! Para cargos que, teoricamente, não são remunerados.


Por isso sou a favor de algumas mudanças profundas. Primeiro, que o futebol seja separado do clube e que existam duas eleições diferentes para cada um. Segundo, que todos os sócios-torcedores possam votar a partir do segundo ano de associação, mas um programa como o do Inter, por exemplo, não esse arremedo de programa de sócio-torcedor do Palmeiras, e que possam ser eleitos a partir do terceiro ano. Terceiro, diretoria colegiada sem a figura medieval do conselheiro vitalício. Essas três mudanças já oxigenariam a política do Palmeiras.

Mas, creio que as mudanças devem chegar por pressões externas, tornar pública a mobilização, quando você leva a luta pro cenário fechado e controlado do clube é muito mais fácil de que ela seja controlada. Isso em todas as esferas. Negociações de gabinete entre diretores dos sindicatos e patrões, são facilmente controladas em benefício de quem já está no poder, manifestações e pressão pública conseguem reverter as coisas com maior poder. Neste sentido, eu até entendo aqueles grupos que pregam associação ao clube para tentar alguma mudança interna, mas creio que seria mais eficaz eles gastarem o seu tempo mobilizando a opinião pública e transformando esse movimento em algo de massas de fora para dentro. A própria pressão obrigaria a modificação estatutária.

Claro que digo isso da posição cômoda de quem não é sócio e não participa da vida política interna do clube, mas colaboraria com movimentos organizados entre torcedores associados e não associados em prol das mudanças necessárias no Palmeiras. Principalmente se vermos que este é um caminho que mais cedo ou mais tarde vai ter que ser tomado, veja o Inter, o Grêmio, o Vasco e outros clubes que já estão se democratizando.

IP- O que achou das medidas tomadas pelo presidente em exercício, Salvador Hugo Palaia? Ele acertou em dissolver a atual diretoria?

Alex Buzeli - O Palaia é a encarnação do modelo patrimonialista de poder no Palmeiras. Qualquer pessoa de bom senso, na conturbada política palmeirense, buscaria construir o mínimo de consenso entre os trocentos grupos políticos da situação para tomar a atitude que ele tomou, jogar a responsabilidade para o coletivo, uma vez que a maior parte das pessoas queria a saída do Cippullo, mas ele, como considera o clube seu patrimônio assim como sua imobiliária, resolveu demitir a diretoria como faria com um office-boy do seu escritório. Se o time vai melhorar eu não sei, mas que as mudanças necessárias para democratizar e modernizar o Palmeiras não ocorrerão com o Palaia isso eu posso afirmar.


Agora, um bate bola rápido:

Futebol: Minha religião, não posso ser racional o tempo inteiro, o futebol preenche meu lado passional.

Palmeiras: O que torna essa religião mais próxima, mais humana.

Ídolo palestrino: Evair, apesar de admirar muito o caráter do Marcos, o Evair marcou por causa que foi o ídolo do primeiro título que vi.

Título inesquecível: Paulista de 93

Gol mais bonito: Do Edmundo contra a Portuguesa não lembro se foi em 93 ou 94 e do César Sampaio contra o São Paulo. O Gol do Alex contra o São Paulo talvez tenha sido mais bonito, mas não teve a mesma importância do que o do César Sampaio.

Maior rival: Corinthians

Sua ida mais emocionante ao estádio (jogo e placar): Palmeiras 1 x 0 Botafogo ( se não me engano) gol do Cuca.

Torcida organizada: Se organizam para quê?

Palmeiras de Felipão, hoje: Palmeiras de Felipão hoje, é o Palmeiras do Felipão em 1997, 1998, 1999, 2000, claro que com menor número de jogadores com qualidade, mas são times com mais disposição que técnica, sempre ganhando jogos apertados e na raça, sem espetáculo. Felipão nunca deu espetáculo com os times do Palmeiras, mas ganhava e demonstrava garra, isso já é o suficiente pra mim.


*Foto: Diego Viñas

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Entrevista: Alex Buzeli


O entrevistado deste mês é Alex Buzeli. Professor da rede pública, passou por depressão profunda e até hoje sofre recaídas por problemas decorrentes da profissão. Segundo ele, "graças ao Palmeiras", reuniu forças para continuar vivendo e enfrentando os obstáculos da existência.

Conheci Buzeli num evento organizado pelo Memofut - Grupo Literatura e Memória do Futebol - do qual faço parte, e me surpreendi com o depoimento emocionante do entrevistado, que relatou ao Luiz Gonzaga Belluzzo, presidente do Palmeiras, e ao jornalista Mauro Beting, além dos presentes, de que estava ali graças à existência do Palmeiras. Para quem ama o futebol, depoimentos deste cunho são de arrepiar.

Dividi a entrevista em duas partes e nesta primeira, falaremos do Alex Buzeli professor e membro da Apeoesp (Sindicato dos Professores). Na segunda parte, o entrevistado falará do Palmeiras e de sua paixão pelo futebol.

IP - Lembro-me do seu depoimento no Museu do Futebol, que disse ter passado por uma depressão profunda e ter "sobrevivido" por se agarrar ao Palmeiras. Conte um pouco como foi isso e por qual motivo acabou em depressão.

Alex Buzeli - Comecei a ter depressão ainda em 2008. Foi uma fase terrível na minha vida, até hoje não a superei completamente, tenho recaídas fortes, principalmente quando sou exposto a situações que desencadeiam mais ansiedade.

Sou (ou fui) professor de escola pública. As condições de trabalho são péssimas. Temos muitos alunos por sala de aula, de 45 até 55 dependendo do caso, com enorme desinteresse. Resumo a profissão de professor na escola pública hoje como uma espécie de carcereiro. Não por considerar os alunos bandidos, mas pela própria estrutura do ensino. O que importa é que os alunos permaneçam o maior tempo possível dentro da escola. É este o sentido das propostas de Escola de Tempo Integral dos candidatos ao governo. As escolas públicas parecem cadeia, conheço-as profundamente por minha atividade de militância sindical, entrava em mais de 100 escolas da minha região para falar com os professores. Em Perus por exemplo, a escola de tempo integral é degradante. Grades e mais grades, os alunos amontoados no pátio esperando o turno "técnico/lúdico" começar, literalmente presos, sem ter pra onde fugir ou o que fazer. A atividade lúdica se resume a um equipamento de som portátil com música. E por qual motivo chamo o professor de "carcereiro"? Na hora do trabalho do professor, uma vez que é difícil de desenvolver qualquer trabalho com mais de 35 alunos, mesmo que estes tivessem interesse, o que não é verdade, (não vou esmiuçar os fatores da falta de interesse são complexos), o que mais importa é prender o aluno na sala de aula. Existe toda uma parte burocrática e de gestão que exige apenas isso, que o aluno fique na sala de aula, que a presença seja anotada, que as atividades estejam no diário, etc. Se o aluno aprendeu ou não, não importa.

Isso gera uma tensão muito grande, pois a todo momento, para poder desenvolver minimamente seu trabalho, você necessita um pouco de paz, os alunos não querem, pois estão interessados em desenvolver a sua sociabilidade no ambiente escolar, não em aprender, aliás, quanto maior o desinteresse nas aulas, mais sociável e reconhecido pelo grupo o aluno é. Então são duas posturas diametralmente opostas, uma querendo socializar o conhecimento e outra querendo desenvolver a sociabilidade. Daí vem o governo falando que o que importa não é o conteúdo, mas as habilidades, competências, etc., ou seja, deixem o conteúdo para as escolas da burguesia e ensinem, pelo menos, os mais pobres a se comportar civilizadamente.

Quando estourou minha crise de ansiedade e depressão, os alunos que eu tinha não eram indisciplinados, apenas totalmente desinteressados. Com isso o professor fica desestimulado. E isso se juntou a anos de problemas, sem poder desenvolver meu trabalho, sem poder exercer minha profissão por causa dos problemas apontados acima.

Quem não teve ansiedade e depressão profunda, não imagina o que isso seja. As crises são horríveis. Até relatei isso para o jornal Mais, em uma matéria que saiu no dia do aniversário do Palmeiras. Parece as crises da menina do filme O Exorcismo, de Emily Rose, claro que se você abstrair o ângulo religioso e ver pelo científico. Perdemos o controle do corpo, tanto que as pessoas acham que tudo tem um fundo religioso, todas as religiões rezaram por mim, foi muito engraçado, vieram amigos espíritas, católicos, evangélicos, testemunhas de Geová, umbandistas, todo mundo tentando ajudar. E não estou exagerando. Mas não teve como, só a boa e velha ciência com os remédios e a terapia conseguiu resolver. Hoje tomo apenas dois remédios para minhas crises, todos os dias, cheguei a tomar 14.

IP - Qual a sua atividade hoje? Fale do período em que foi dirigente da Apeoesp. O que fazia exatamente?

Alex Buzeli - Hoje estou afastado do trabalho, por causa destes problemas. Se entro em contato com algumas situações, as crises se desencadeiam, tento controlar mas são mais fortes. Fora isso vendo livros para completar a renda, tudo online, sem essa renda extra não tenho como pagar os remédios e a terapia, que comem boa parte do meu salário. O correto seria eu ter acesso aos remédios e ao tratamento pelo sistema público de saúde, mas não é assim que funciona.

Na Apeoesp (sindicato dos professores do Estado de São Paulo, o maior da América Latina, com cerca de 170 mil associados), eu fazia parte da Diretoria Estadual. Participava de uma agrupação de oposição a direção do sindicato. Sem ligação com partidos políticos. Sempre fui da opinião que o sindicato deve representar o interesse dos trabalhadores, ser radical nessa defesa, no momento em que o sindicato é tomado por interesses políticos particularistas, perde seu potencial transformador e de luta e acaba se adequando a política institucional, aquela política que é decidida entre os partidos e não entre os trabalhadores.

Meu trabalho era passar nas escolas, conversar com os professores os chamando para organizarem-se e lutarem por seus interesses de forma coletiva. Os principais benefícios sociais são alcançados pela pressão política dos trabalhadores ou população organizada, esperar que um político resolva algum problema específico de parcelas da população é ingenuidade. O político se move pressionado, se não o pressionamos outros pressionam com o poder econômico. Desta forma o dinheiro sai da educação, saúde, segurança pública e vai para as empreiteiras, empresários, etc. No fundo, no fundo a corrupção é isso, fruto da ausência de participação popular e excesso de participação empresarial através de lobbies.

IP - Estamos e período de eleições e como você analisa a "oferta" de candidatos aos cargos de maior importância: presidente e governador, neste caso, para o Estado de São Paulo?

Alex Buzeli - Sempre defendi que a política deve ser exercida para além do voto. Os principais candidatos que aí estão não governam para a população em geral, governam empurrados por interesses particulares de grupos empresariais. Sob o capitalismo é assim que funciona, não há como fugir. Você muda a correlação de forças com a participação organizada das pessoas em lutas coletivas. Isso não ocorre em grande escala desde a década de 1990. Há um refluxo de lutas.

Bom isso é uma coisa, outra é a defesa descarada dos grandes meios de comunicação dos candidatos do PSDB. O grande problema é que são 6 a 8 famílias que controlam o grosso da mídia do país que querem governar o Brasil como na época da Ditadura Militar. Neste sentido, há uma campanha de desmoralização da Dilma Roussef desproporcional. Desproporcional pois a cobertura dos fatos de igual teor dos outros candidatos não são feitos da mesma forma. A imprensa verdadeiramente livre denunciaria todos os problemas de corrupção e não selecionaria aqueles dos seus inimigos.

Além disso, há certo ambiente mais democrático nos governos petistas, talvez pelo motivo de muitos movimentos populares possuírem uma relação umbilical com o partido. Este ambiente favorece o exercício da democracia participativa em maior grau, se ela não é exercida, através de greves, manifestações, etc., já é um outro problema. E se há governos do PT que fazem como a direita tradicional na repressão aos movimentos populares eles devem ser combatidos da mesma maneira.

Em suma, se formos analisar pelo programa e histórico político dos principais candidatos a cargos executivos do país, chegaremos a conclusão que o que é diferente entre um e outro não é nada substancial, são apenas nuances e atenuações de elementos entre um programa e outro. Quando o PSDB acusa o PT de dar continuidade aos fundamentos do governo Fernando Henrique Cardoso, eles têm razão. Lula só foi mais inteligente e menos elitista pois conseguiu espalhar algumas migalhas de programas sociais, ter um posicionamento político público não tão subalterno e enfrentar uma crise econômica sem precedentes nos últimos 50 anos como FHC não tinha conseguido com crises bem menores que esta última. Quem quer votar Serra, não possui justificativas, pois o Lula aplicou e foi mais eficaz em promover o programa do próprio PSDB. Por isso, Serra não consegue passar dos 30% das intenções de voto. A diferença entre o Serra e a Dilma, está no fato de que o Serra é muito mais elitista e não abre espaço para dialogar com os grupos organizados que reivindicam melhorias democraticamente. O PT já tem mais jogo de cintura, concede algumas melhorias, poucas é verdade, não realiza reformas de uma vez, pois as reformas retiram direitos historicamente conquistados, ou seja, vai comendo pelas beiradas, prejudica os trabalhadores assim como o PSDB, mas faz as coisas de forma a não parecer um atentado tão grande aos direitos conquistados.

Um anarquista do começo do século XX dizia que o povo tem uma capacidade imensa de se adaptar as situações mais adversas, só se levanta indignado quando sua situação de vida tem mudanças bruscas. Ele tinha razão. O PT entendeu isso e muda as coisas lentamente, a burguesia deveria estar feliz, que com o PT no governo houve um maior controle dos movimentos sociais, seja por não existir mudanças drásticas, seja pelo aparelhamento dos movimentos que o partido promove. Mas a burguesia brasileira é tão míope e reacionária que não consegue ver que o melhor governo para ela é o governo do PT, e não dos seus agentes diretos, o PSDB. Maquiavel já dizia que em certos momentos é necessário pegar alguém do povo, que tenha essa legitimidade de ser povo, para governar em nome de quem realmente tem poder. A grande imprensa não percebeu isso.

domingo, 3 de outubro de 2010

Tiririca no Congresso: 143.500 mensais

Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca, foi eleito com mais de 1,3 milhão de votos, segundo divulgou o portal UOL, antes ainda do término da apuração, com cerca de 97% dos votos apurados.

De nada adiantou os inúmeros alertas de diversas camadas da sociedade, inclusive de políticos em campanha. Eis que um cidadão semi-analfabeto, desdentado (para não perder a característica do personagem), e que fez uma campanha calcada no deboche com a cara do eleitor, consegue números expressivos e vai à Câmara Federal.


E não me venha com essa história de voto de protesto. Foi voto de burrice, de ignorância. E convenhamos, 1,3 milhão é gente burra a dar com pau. Desculpe, leitor, se você foi um desses. Se foi, por gentileza, termine de ler este post e nunca mais volte aqui.

E tenho certeza de que essa gente que o elegeu, sequer sabe de seus projetos, se é que os tem e tampouco irá acompanhar seu desempenho no Congresso, mas precisa saber, antes de se despedir desse blog, que o ilustre Everardo, além de continuar rindo da cara da nação, vai levar:

O salário bruto de um Deputado Federal é de R$12.847,00 - porém, existem alguns benefícios, como o auxílio-moradia de R$3.000,00 - R$50.815,62 para contratação de assessores de confiança - R$ 15 mil para cobrir despesas de suas atividades políticas no estado de origem - De R$ 4,1 mil a R$ 15,6 mil, dependendo do estado de origem, para passagens aereas - R$ 6 mil por ano para serviços de impressão gráfica - R$ 4.268,55 para gastarem com telefonemas e envio de cartas.
Além do 13º, o
Deputado Federal também tem direito ao 14º e ao 15º a título de ajuda de custo.
O salário bruto é repassado sem cortes, desde que o parlamentar tenha registrado presença no plenário nos dias em que forem realizadas sessões para votações.
Em casos de ausência por problemas de saúde ou por "missão oficial" (viagens ou compromissos relacionados ao mandato), o salário do
Deputado Federal também é depositado integralmente. *

E, de brinde, o ilustre deputado levará consigo mais quatro deputados para se divertir com esse dinheiro. COM O NOSSO DINHEIRO!!! Numa conta rápida, cada um terá 143.500,00 mensalmente para viajar, ligar pros amigos, fazer churrasco, turismo e gerar emprego aos correligionários. Agora entendo a presença constante dos "papagaios-de-pirata". Estão garantidos por quatro anos para torrarem 717.650,00 a cada mês que você enfrentará ônibus, trens e metrôs, lotados evidentemente, para ganhar o seu mísero salário.

Se o voto é uma arma, parabéns! Você caprichou no uso e, por quatro anos, trabalhe firme para que seus impostos consigam bancar essa corja. Sabe quanto, ao término do mandato? A quantia (para os cinco fanfarrões) será de 34.447.200,00.

Mais uma vez, parabéns, "abestado"!!!


Foto extraída do blog: http://ilseellen.blogspot.com/

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Entrevista: Maximo Tell


Há meses venho trabalhando a ideia e finalmente, inauguro a partir de hoje, uma série de entrevistas neste blog, com pessoas de qualquer parte do mundo, que tenha algo interessante para contar a mim e ao leitor.

Para não fugir do propósito deste canal "paulistano", teremos personalidades paulistanas em breve e, mensalmente, sempre na primeira semana do mês, brindaremos uma boa e nova história.

O primeiro entrevistado, Maximo Tell, vive em Córdoba, há cerca de 700 km da capital argentina, Buenos Aires. Conheci "Maxi" pelo twitter e gostei de seu blog, que aborda temática variada, sobretudo política.

Apaixonado por "periodismo" desde que largou os corredores da Universidade Católica de Relações Internacionais, vive matutando novos programas de rádio para sua webrádio na internet: Glasnotfm.com.ar Já criou mais de 11 programas e atualmente é comentarista de futebol na Rádio 630 AM LW8 Vision, de Córdoba.

Torcedor do Racing Club de Avellaneda, acompanha e comenta as partidas do Gimnasia e Esgrima de Jujuy e diz preferir música e gastronomia a futebol, apesar de amar o que faz. Formou-se em jornalismo pelo Colégio Universitário de Periodismo - CUP, e posteriormente, passou a cursar o Bacharelado em Comunicação Social.


IP - Já entrei algumas vezes em seu blog e percebi que você costuma discutir a situação política de seu país. Se você tivesse a chance de participar do governo, o que mudaria em seu país hoje?


Maxi Tell - Em minha opinião, Argentina possui uma excelente estrutura legal em sua Constituição mas seus dirigentes políticos não se atem a ela, não a consideram, a violam e realizam mudanças que não permitem um projecto económico, social e político estável.


As mudanças que eu proporia são: o fortalecimiento das instituições partidárias (partidos políticos) para conseguir eleições transparentes e creíbles. Ademais dever-se-iam pôr em marcha os mecanismos de participação cidadã que a mesma Constituição estabelece. Outros não seriam mudanças legais nem estruturais senão mudanças éticas.


IP - Descobri que os candidatos a presidência da Argentina estão em plena campanha e as eleições serão em outubro/2011. É comum isso, sempre foi assim ou essa mobilização antecipada é recente?


Maxi Tell - Desde a década dos '90 em Argentina creu-se muito no conceito de Dick Morris de "Campanha permanente", isto é que os governantes em funções estão constantemente mostrando "o que fazem" e a oposição marca o que faria se governasse segundo os temas em discussão. É muito comum que suceda isto.


IP - Além de Néstor Kirchner, quais outros candidatos chegarão com chances nas eleições? Em quem você aposta?


Maxi Tell - Actualmente Néstor Kirchner e Cristina Kirchner são os dirigentes que melhor estão posicionados nas encuestas, mas também é muito alta sua imagem negativa, pelo que não teria que descartar um possível ballotage com Eduardo Duhalde (PJ) ou alguém do radicalismo (UCR) que poderia ser Ricardo Alfonsín ou Julio Cobos (vice-presidente actual)


No pessoal acho que Néstor Kirchner não será candidato se existe possibilidade de ir a ballotage e nesse caso poderiam se apresentar Daniel Scioli (Governador de Buenos Aires) junto com José Luis Gioja (Governador de San Juan) que são uma dupla forte no Partido Justicialista. Também existe a possibilidade de candidatura da actual presidente.


Mauricio Macri (Prefeito de Capital Federal) é impulsionado mas não acho que possua estrutura partidária para conseguir uma campanha nacional, excepto se se integra ao Partido Justicialista. Duhalde deverá reunir a Macri, Felipe Sozinha, Carlos Reutemann e Francisco De Narváez para consensuar e unir forças como oposição.


IP - Atualmente o que Cristina Kirchner tem feito pelo seu país?


Maxi Tell - Cristina Kirchner conseguiu os julgamentos aos represores militares e castigar aos culpados de crimes de lesa humanidade. A asignación universal por filho, suba de aposentações, difusión do património cultural, democratización das transmissões de futebol e a promulgación das leis de casal gay e de meios audiovisuais.


IP - Você, particularmente, tem alguma aspiração política?


Maxi Tell - Não tenho uma aspiração política imediata, ainda que desfruto da discussão sobre os projectos e mudanças do país em termos sociais e políticos. Acho que desde o jornalismo, a literatura e a cultura podemos contribuir para outras mudanças necessárias.


IP - Você deve saber que aqui no Brasil, o ex-presidente Fernando Collor de Mello foi eleito nas últimas eleições, senador da república. Em 1992 ele teve seu impeachment aprovado, mas renunciou antes e teve seus direitos políticos cassados. Ficou inelegível por oito anos, no entanto, assim que este prazo expirou, voltou a se candidatar. Perdeu duas eleições, mas na terceira concorreu ao Senado Federal por seu estado e se elegeu. Na Argentina também é assim? O povo tem memória curta?


Maxi Tell - Em Argentina existe o caso de Carlos Menem quem foi Presidente e enfrenta diferentes julgamentos e também foi eleito Senador por sua província. Menem não sofreu impeachment mas foi muito criticado por sua gestão e igualmente seus seguidores lhe elegeram. A lei não o impede e quem vota escolhe livremente, eu não os julgo porque é legal e democrático.


IP - Mudando de assunto, como digeriu o fiasco argentino na Copa? Quem o foi eleito culpado no fatídico jogo contra a Alemanha?


Maxi Tell - No futebol a discussão é interminável e eterna. Para meu Maradona não foi culpado senão preso de situações do jogo que não se podem controlar. Alemanha foi superior e não é tanto o drama para meu. Foi, é e será o mas grande do mundo como jogador.


IP - Para qual time torce? Conte um pouco sobre o seu trabalho em rádio.


Maxi Tell - De primeira divisão por Racing Clube de Avellaneda. Na rádio sou comentarista da equipa que sigo desde menino: Gimnasia e Esgrima de Jujuy, actualmente na segunda divisão.


IP - Como jornalista, teria levado outros jogadores para o Mundial, que Maradona não tenha levado?


Maxi Tell - Quiçá jogadores da posição de laterais como Javier Zanetti ou Pablo Zabaleta, mas não mas que isso. Foram os melhores.


IP - Para encerrar, além de política, seu blog fala de cotidiano, viagens, música, amor...qual assunto mais te fascina? E qual tem mais facilidade para discorrer?


Maxi Tell - Desfruto ESCREVER sobre viagens, cultura, espectáculos e amor quotidiano, mas encanta-me debater mas e mas sobre política. Ademais acho que devemos fazer pensar à gente acercando novidades e alternativas sobre questões sociais, solidariedade e educação.


Quer saber mais sobre Maxi, visite o blog: http://maxitell.wordpress.com/

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Vai correr? Fuja da TH5 Eventos

Animadíssimo para a primeira corrida distante de solo paulistano, acordei às 05h20 da manhã do último domingo (15), para correr os 10k do Circuito das Praias 2010, no Guarujá. O evento, "organizado" pela empresa TH5 tinha tudo para ser bom, mas deixou a desejar.


Foi um vendaval de falhas:


1) A largada da prova, marcada para às 9h00, sofreu atraso de quase dez minutos.


2) Quando todos se prepararam para largar, houve uma confusão e não haviam pessoas identificadas para orientar os participantes da corrida. Resultado: como numa dança de quadrilha junina, todo mundo se virou de costas para a largada porque alguém disse que seria para o outro lado. Por duas vezes!


3) Na largada, pasmem corredores, não havia tapete de leitura do chip, que apareceu instalado "estrategicamente" no Km 2,5 do circuito. De todas as corridas que participei, quando havia contagem de tempo por chip, o tapete, obviamente, estava na largada e na chegada.


4) Um fato positivo. Havia ambulância no local, embora este, seja item de primeira necessidade numa corrida de rua. No percurso, não avistei nenhum médico. Um corredor caiu, se machucou e não houve atendimento. Ele concluiu o percurso e depois saiu procurando alguém que o socorresse, pois ralou a testa e o rosto, logo abaixo do olho esquerdo. Quer dizer, você se machuca e ninguém vem ao seu auxílio. Em outro momento, uma moça passou pulando numa perna só, com dores, e nada de ajuda. Sentou-se na calçada e se auto-massageou.


5) Na devolução do chip, a tradicional sacola com frutas, isotônicos e a medalha. Para minha surpresa e para abrilhantar o evento, a minha maçã estava 70% podre. Isso mesmo, podre! Fiz questão de procurar o organizador do evento, cujo nome não me ocorre agora, e mostrei a falha, numa tentativa de crítica construtiva para que futuramente ele não distribuísse frutas podres. Ele simplesmente virou e disse: "Ah...pode trocar lá, peça para que troquem". Não me lembro de ter ouvido um pedido de desculpas. Não troquei e a maçã ficou sobre o balcão por um bom tempo, durante a entrega das premiações. Lamentável.


De positivo, a corrida em si. A belíssima praia da Enseada, embora o dia estivesse nublado, se desenhou muito apropriada para a corrida. A maré alta não permitiu o trecho de areia e o percurso foi todo realizado no asfalto.

Nossa equipe, Método Runners, na foto abaixo, composta por este que vos escreve no topo do pódio, seguido nem tão de perto assim pelo Fábio, em segundo, Nildo, na terceira posição e Edson, na quarta. O troféu tartaruga "marinha" foi para o Emerson, que chegou na quinta colocação.



Método Runners: estreia (quase) perfeita no litoral paulista

Foto*: Fernando Sanches

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Calma, palestrinos!!!

É fato que Felipão, desde que chegou, ainda não venceu sob o comando do Palmeiras, e olha que já se vão seis jogos, cinco deles, pelo Brasileirão. Mas se compararmos ao futebol que o time vinha jogando antes da Copa, tanto nos empates, quanto na derrota para o Avaí, nota-se uma melhora considerável.

Alguns me criticam por ser otimista demais, no entanto, com a chegada dos reforços e Felipão na diretriz, o time vai engrenar. E vai chegar forte neste Brasileirão. Aos pessimistas que acham que o Palmeiras vai brigar para não cair, "aposto e ganho", como dizia na infância, que este time vai dar trabalho.

Estamos ansiosos pela primeira vitória, que até poderia ter vindo sobre o Vitória, não fosse o excesso de cautela de Felipão. Jogasse como o Avaí na noite de ontem, quando encarou o campeão da Copa do Brasil de igual pra igual, dentro do Pacaembu, as coisas teriam - ou poderiam - ter sido diferentes.

O Avaí, que não chega a estatura do Palmeiras, jogou como se maior fosse e venceu o time da molecada santista. E o Vitória, não era do tamanho do Santos, veja que curioso. O futebol nos prega peças inacreditáveis.

Felipão preferiu se defender, neste primeiro confronto. Talvez consiga reverter, desde que não tome gol aqui. E talvez o Pacaembu contribua para uma virada, porque no Palestra, infelizmente, quando se precisa de vitórias assim, o caldeirão congela.

Mas...voltando ao que interessa, esse rapaz aí do vídeo vai comprovar, ao término do Brasileirão, que eu não estava enganado.

Veja o que ele é capaz de fazer com a bola nos pés.

Força, Palestra!


sábado, 3 de julho de 2010

A Paola chegou

Fiquei pensando em inúmeras formas de dar as boas vindas à minha filhinha, que nasceu na terça-feira (29 de junho) e resolvi criar esse vídeo, que conta um pouco da gente, para depois apresentar o nosso fruto, que veio para alegrar nossas vidas e completar a nossa felicidade.




Agradecemos a todas as mensagens que recebemos nos últimos dias e assim que possível, ao término da recuperação, faremos questão de receber os amigos para conhecê-la pessoalmente.

Bem vinda, Paola!

Papai e mamãe te amam!!!

sexta-feira, 28 de maio de 2010

A Copa vai começar: façam suas apostas!

Quase três meses longe daqui e hoje volto para falar de futebol. Calma. Não é do Palmeiras. Outro dia fui apresentado como detentor de um blog que "corneta" o Palmeiras. Não é bem assim. Vez ou outra comento as alegrias e tristezas de um time que me dispara o coração só de ouvir o nome e imaginá-lo em campo, mas hoje meu holofote mira a seleção brasileira e a Copa do Mundo.

Há pouco mais de 12 dias da Copa, o mundo inteiro está em contagem regressiva para o mundial da África do Sul. E as apostas no provável campeão já se multiplicam entre entendedores e pseudo-entendedores. As favoritas óbvias, pela tradição e futebol apresentados são: Alemanha, Argentina, Brasil, Inglaterra, Espanha, França e Itália. Não necessariamente nesta ordem. Destaco a Holanda de Robben e Sneijder, que estão jogando o fino da bola em seus clubes. Podem surpreender.

Mas e a seleção brasileira? Dunga não se rendeu ao lobby nacional para levar Ganso, Neymar e Ronaldinho Gaúcho. Manteve-se fiel ao "grupo" que ele fechou desde a Copa América, salvo as exceções de Grafite e Michel Bastos, que apareceram depois, mas o convenceram pela "vontade" de estar na seleção. E é o que temos de bom. Levaria Ganso e Ronaldinho Gaúcho, para ser o homem-surpresa no segundo tempo de um jogo complicado, mas...

Na minha modesta opinião, Dunga deve se dar bem neste mundial. Mesmo com o excesso de brucutus no meio-campo, a seleção tem nomes fortes e que podem muito bem trazer o hexacampeonato. Simples. Dunga, dependendo do adversário, deve congestionar a marcação no meio e liberar seus laterais Maicon e Daniel Alves para criar situações de gol para Robinho e Luís Fabiano, que por suas vezes, não são de desperdiçar oportunidades de por a bola na rede.

Além do que, a coisa só deve pegar fogo a partir das oitavas. Os favoritos geralmente se classificam numa boa e os bons jogos, salvo Brasil x Portugal, que promete ser o primeiro jogo duro da seleção, só aparecerão das oitavas em diante. E se tudo correr como imagino, deve dar Brasil x Chile nas oitavas, e Brasil x Holanda, nas quartas. Aí é que Dunga vai ter que mostrar a que veio.

Força, Dunga! E vamos ver no que dá.

*Foto extraída do site Lancenet.

sábado, 27 de março de 2010

Força, Palmeiras!!!

Há mais de um mês comemorei a queda do retranqueiro Muricy Ramalho. Há mais de um mês não escrevo nada no blog. Falta de tempo, de assunto? Que nada.
Assunto não faltou: teve o futebol-arte do Santos - que continua vivo -, o lobby de Ronaldinho Gaúcho - que continua vivo -, o julgamento dos Nardoni - que morreu em 31 anos de cela - enfim, um vendaval de pautas que, aos poucos, esvaíram entre os dedos.

Mas cá estou para falar de algo triste, deplorável, embora tivesse totais condições para que eu escrevesse ao contrário, lançasse confetes, destilasse minha empáfia - eu tenho isso??? -, não!

Não sou marrento. Não tirei onda quando o Palmeiras bateu no São Paulo, na estreia de Zago. Não tripudiei - muito - quando o Palmeiras bateu nos "moleques dançarinos mascarados" da Vila Belmiro. Fiquei na minha. Mas agora não dá mais pra ficar calado.

Que o Palestra Itália precisa ser demolido e reconstruído, com a remoção de toda aquela terra que habita o "jardim suspenso" já não é novidade. Há um sapo-boi alvinegro na superfície palestrina, que nos impede de vencer quando precisamos. Fato.

E há também a escassez de jogadores. Há? Discordo. O time é praticamente o mesmo que liderou quinhentas rodadas no Brasileirão-09 e no final, saiu com a frustração de ter perdido um título ganho. Culpa de quem? Dos jogadores? Do técnico? Ou do Pq. Antártica?

Por mais que haja um sapo-boi alvinegro, não devemos culpar o "Chiqueirão". Tem times que amarelam lá dentro, com sapo ou não. E times que costumam meter medo na gente, fora de casa, evidentemente. Se há jogadores insatisfeitos e ingratos feito Vagner Love, que saiam imediatamente. O Zago tem tentado arrumar e olha que, ao contrário do "mega- vencedor", busca sempre opções de frente. O super-técnico gostava de volantes e zagueiros. Empate era com ele mesmo. Foi tarde.

Agora, por mais que os jogos ofereçam dificuldades, não se pode empatar com Rio Branco e Mirassol. Não se pode perder para a Ponte Preta nem para o Santo André.

Hora de acordar, Palmeiras!!! E fazer valer a força de um time de ponta, com vocação para a conquista de títulos. Um time grande. E sugiro a Copa do Brasil, para (re) começar a colocar o alviverde na trilha dos campeões.

Vai que dá!!!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Adeus retranca

Zago e Valdir J. Moraes: feliz com o retorno ao Palestra

Enfim a diretoria do Palmeiras fez algo de útil: demitiu o retranqueiro Muricy Ramalho do posto de técnico da equipe e trouxe, rapidamente diga-se de passagem, Antonio Carlos Zago. Demorou muito pra isso acontecer. O fracasso no Brasileiro-09, que sequer levou o time à Libertadores, depois de liderar por um bom tempo o campeonato, já seria motivo suficiente para ele ter passado o Natal desempregado.

Um técnico de ponta e "bom pra caramba" como se autodefine não pode ficar lamentando derrotas e culpando a falta de elenco. De banco. Oras, um time com Marcos, Danilo, Pierre, Diego Souza e Cleiton Xavier não é um time pra ficar tomando sufoco jogando contra times medianos.

Enfim, o pior já passou. As esperanças se renovam com a chegada de Antonio Carlos e o anúncio do atacante Ewerthon (quanta firula pra escrever Everton!). Daqui pra frente é soltar o freio de mão do time e deixá-los jogar. Eles sabem fazer isso muito bem. Sem táticas mirabolantes e excesso de volantes. Porque futebol se ganha no ataque, na insistência e na pressão.

Aquele estilo ultrapassado de dominar a marcação pra depois pensar em atacar o adversário vai perdendo espaço, a cada dia, para a ousadia dos novos técnicos. Eles não têm medo de atacar. Foi assim com Silas no Avaí, ano passado, com Dorival Júnior no Vasco, e agora no Santos, ou seja, aquele festival de volantes preocupados em destruir sai de cena para a entrada de meias criativos e atacantes velozes.

Ainda é cedo para enquadrar Antonio Carlos nesse perfil, mas a juventude dele o faz enxergar o futebol de outra forma, semelhante a sua geração. Ontem mesmo, no clássico com o São Paulo, ele já deu mostras disso: promoveu a estreia do lateral Eduardo no lugar do inconstante e estabanado Armero e, com apenas dois volantes (Muricy poria uns quatro) Pierre e Márcio Araújo, foi pra cima do tricolor com Cleiton Xavier, Diego Souza, Robert e Lenny. E o resultado do jogo (2 a 0) mostra que ele começou no caminho certo!

Foto extraída do site globoesporte.com - Julyana Travaglia

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Ocupação Chico Science: um mangue de excentricidades

No último sábado, 6, acompanhado do amigo Carlos Petrocilo, estive na mostra Ocupação Chico Science promovida pelo Itau Cultural, na Av. Paulista. Simples pelo espaço destinado e ao mesmo tempo extravagante pelo estilo e a diversidade cultural ali retratada, Science - onde quer que esteja - deve ter ficado feliz, 13 anos após a sua morte, por ter a sua obra reconhecida e visitada por inúmeros órfãos de suas batidas.

De objetos pessoais como óculos peculiares, roupas exóticas e o característico chapéu de palha sem aba, a Ocupação permite que qualquer pessoa se vista de Science e tire uma foto como o "precursor do manguebeat" se paramentava.


Na mostra você verá de tudo, desde criativos cartazes para divulgação de shows até recados e pequenas reflexões da época em que assinava Chico Vülgo. Um sem número de fotos ao lado de amigos e sempre sorridente, Science parece ganhar vida em cada objeto que um dia foi dele. Credenciais, tambores e um reluzente Landau na entrada da Ocupação exibe videoclips e entrevistas o tempo inteiro, numa tela instalada no porta-malas. Ao lado de pequenos puffs para prestigiar esses vídeos, uma prateleira com os livros que influenciaram seus pensamentos estão ao alcance das mãos do visitante.

Além da mostra em si, uma série de eventos marcará esse período. Debates, shows, exibição de curtas e documentários sobre a cena manguebeat recheada de personagens que dividiram com Science a criação do movimento e revolucionaram de algum modo a música dos anos 90.

A Ocupação Chico Science vai de 4 de fevereiro a 4 de abril de 2010, ou seja, você tem dois meses - agora menos que isso - para reservar uma hora e prestigiar o poeta-caranguejo, que escreveu sua história em meio ao caos de Recife e Olinda, inspirado na riqueza natural de mangues enlameados e deixou um legado de influências na música, arte e cultura recifense. E rapidamente, como que propagado pelas antenas dos caranguejos, suas batidas ganharam o resto do país e do mundo.


sábado, 23 de janeiro de 2010

São Paulo: muitas felicidades, muitos anos de vida!!!

Nesta segunda, 25, a amada Paulicéia completa 456 anos. Destes, me orgulho de estar presente em 34 deles. E nesse grão de tempo frente aos 456 desfrutados por pessoas dos quatro cantos do planeta tenho a impressão de que sou um privilegiado, por viver numa época em que a informação está ao alcance de todos (ou quase) e a facilidade de escrever uma homenagem e ser lido por mais pessoas além das que estão sob o meu teto é motivo de comemoração.


Quem vive aqui não teme violência, trânsito, chuva, trabalho. O povo paulistano contempla a cidade através da janela de trens e ônibus lotados, enfrenta a vida com bom humor apesar desses obstáculos e comemora a semana toda sexta-feira entre chopes e pastéis na calçada do botequim mais próximo. E por quê no mais próximo? Orra, pra jogar conversa fora e aliviar o trânsito oras, afinal é sexta-feira e não há pressa de ir pra casa se preparar pro dia seguinte.

Quem vive aqui tem sangue elétrico, anda apressado e sempre de olho no relógio. E a vida corre depressa. A mil por hora. Testemunhamos acidentes, tropeços na calçada, pedintes criativos e sempre arrumamos um jeito de sorrir. De se alegrar em algum momento do dia, extraindo motivos das cenas cotidianas que se descortinam à nossa frente, a todo instante.

Quem vive aqui tem sede de vencer, espírito guerrilheiro e objetivos concretos. Não espera nada do céu, do vizinho e principalmente do governo. Cada um constrói a sua história, tijolo por tijolo e se orgulha de subir degraus. E quanto mais íngreme a caminhada, melhor. Suar a camisa diariamente é estímulo pra continuar e percebe-se uma competição sadia entre os "guerrilheiros da cidade": é vencer ou vencer!

Quem vive aqui ama, sonha, ri, chora e também reclama: do trânsito, da falta de educação de alguns e da intolerância de outros. Reclama dos políticos que nada fazem, de quem joga lixo na rua e do ônibus que demora.

Quem vive aqui gosta de futebol, joga futebol, torce pelo futebol. Tem palmeirense, corintiano, são-paulino, santista e portuguesense. E quando vão aos estádios, que espetáculo. Vibram com gols, lamentam derrotas, gozam da cara dos amigos. E no dia seguinte? Virou passado e o torcedor derrotado inverte a gozação, relembra vitórias e promete a forra na revanche.

Quem vive aqui é feliz do jeito que pode. Do jeito que dá. Isso é São Paulo.

Escrevi o poema abaixo quando construí este blog. Ele faz parte da página, mas talvez passe despercebido. Neste momento de festa paulistana pelos 456 anos, nada mais justo dar o merecido destaque a ele:

Paulicéia

Nas estruturas de concreto há poesia
Nos trens lotados: suor, cansaço e euforia
Gente apressada, preocupada, em estado de agonia
Essa é a metrópole da garoa, terra boa, que não falta alegria