terça-feira, 7 de setembro de 2010

Entrevista: Maximo Tell


Há meses venho trabalhando a ideia e finalmente, inauguro a partir de hoje, uma série de entrevistas neste blog, com pessoas de qualquer parte do mundo, que tenha algo interessante para contar a mim e ao leitor.

Para não fugir do propósito deste canal "paulistano", teremos personalidades paulistanas em breve e, mensalmente, sempre na primeira semana do mês, brindaremos uma boa e nova história.

O primeiro entrevistado, Maximo Tell, vive em Córdoba, há cerca de 700 km da capital argentina, Buenos Aires. Conheci "Maxi" pelo twitter e gostei de seu blog, que aborda temática variada, sobretudo política.

Apaixonado por "periodismo" desde que largou os corredores da Universidade Católica de Relações Internacionais, vive matutando novos programas de rádio para sua webrádio na internet: Glasnotfm.com.ar Já criou mais de 11 programas e atualmente é comentarista de futebol na Rádio 630 AM LW8 Vision, de Córdoba.

Torcedor do Racing Club de Avellaneda, acompanha e comenta as partidas do Gimnasia e Esgrima de Jujuy e diz preferir música e gastronomia a futebol, apesar de amar o que faz. Formou-se em jornalismo pelo Colégio Universitário de Periodismo - CUP, e posteriormente, passou a cursar o Bacharelado em Comunicação Social.


IP - Já entrei algumas vezes em seu blog e percebi que você costuma discutir a situação política de seu país. Se você tivesse a chance de participar do governo, o que mudaria em seu país hoje?


Maxi Tell - Em minha opinião, Argentina possui uma excelente estrutura legal em sua Constituição mas seus dirigentes políticos não se atem a ela, não a consideram, a violam e realizam mudanças que não permitem um projecto económico, social e político estável.


As mudanças que eu proporia são: o fortalecimiento das instituições partidárias (partidos políticos) para conseguir eleições transparentes e creíbles. Ademais dever-se-iam pôr em marcha os mecanismos de participação cidadã que a mesma Constituição estabelece. Outros não seriam mudanças legais nem estruturais senão mudanças éticas.


IP - Descobri que os candidatos a presidência da Argentina estão em plena campanha e as eleições serão em outubro/2011. É comum isso, sempre foi assim ou essa mobilização antecipada é recente?


Maxi Tell - Desde a década dos '90 em Argentina creu-se muito no conceito de Dick Morris de "Campanha permanente", isto é que os governantes em funções estão constantemente mostrando "o que fazem" e a oposição marca o que faria se governasse segundo os temas em discussão. É muito comum que suceda isto.


IP - Além de Néstor Kirchner, quais outros candidatos chegarão com chances nas eleições? Em quem você aposta?


Maxi Tell - Actualmente Néstor Kirchner e Cristina Kirchner são os dirigentes que melhor estão posicionados nas encuestas, mas também é muito alta sua imagem negativa, pelo que não teria que descartar um possível ballotage com Eduardo Duhalde (PJ) ou alguém do radicalismo (UCR) que poderia ser Ricardo Alfonsín ou Julio Cobos (vice-presidente actual)


No pessoal acho que Néstor Kirchner não será candidato se existe possibilidade de ir a ballotage e nesse caso poderiam se apresentar Daniel Scioli (Governador de Buenos Aires) junto com José Luis Gioja (Governador de San Juan) que são uma dupla forte no Partido Justicialista. Também existe a possibilidade de candidatura da actual presidente.


Mauricio Macri (Prefeito de Capital Federal) é impulsionado mas não acho que possua estrutura partidária para conseguir uma campanha nacional, excepto se se integra ao Partido Justicialista. Duhalde deverá reunir a Macri, Felipe Sozinha, Carlos Reutemann e Francisco De Narváez para consensuar e unir forças como oposição.


IP - Atualmente o que Cristina Kirchner tem feito pelo seu país?


Maxi Tell - Cristina Kirchner conseguiu os julgamentos aos represores militares e castigar aos culpados de crimes de lesa humanidade. A asignación universal por filho, suba de aposentações, difusión do património cultural, democratización das transmissões de futebol e a promulgación das leis de casal gay e de meios audiovisuais.


IP - Você, particularmente, tem alguma aspiração política?


Maxi Tell - Não tenho uma aspiração política imediata, ainda que desfruto da discussão sobre os projectos e mudanças do país em termos sociais e políticos. Acho que desde o jornalismo, a literatura e a cultura podemos contribuir para outras mudanças necessárias.


IP - Você deve saber que aqui no Brasil, o ex-presidente Fernando Collor de Mello foi eleito nas últimas eleições, senador da república. Em 1992 ele teve seu impeachment aprovado, mas renunciou antes e teve seus direitos políticos cassados. Ficou inelegível por oito anos, no entanto, assim que este prazo expirou, voltou a se candidatar. Perdeu duas eleições, mas na terceira concorreu ao Senado Federal por seu estado e se elegeu. Na Argentina também é assim? O povo tem memória curta?


Maxi Tell - Em Argentina existe o caso de Carlos Menem quem foi Presidente e enfrenta diferentes julgamentos e também foi eleito Senador por sua província. Menem não sofreu impeachment mas foi muito criticado por sua gestão e igualmente seus seguidores lhe elegeram. A lei não o impede e quem vota escolhe livremente, eu não os julgo porque é legal e democrático.


IP - Mudando de assunto, como digeriu o fiasco argentino na Copa? Quem o foi eleito culpado no fatídico jogo contra a Alemanha?


Maxi Tell - No futebol a discussão é interminável e eterna. Para meu Maradona não foi culpado senão preso de situações do jogo que não se podem controlar. Alemanha foi superior e não é tanto o drama para meu. Foi, é e será o mas grande do mundo como jogador.


IP - Para qual time torce? Conte um pouco sobre o seu trabalho em rádio.


Maxi Tell - De primeira divisão por Racing Clube de Avellaneda. Na rádio sou comentarista da equipa que sigo desde menino: Gimnasia e Esgrima de Jujuy, actualmente na segunda divisão.


IP - Como jornalista, teria levado outros jogadores para o Mundial, que Maradona não tenha levado?


Maxi Tell - Quiçá jogadores da posição de laterais como Javier Zanetti ou Pablo Zabaleta, mas não mas que isso. Foram os melhores.


IP - Para encerrar, além de política, seu blog fala de cotidiano, viagens, música, amor...qual assunto mais te fascina? E qual tem mais facilidade para discorrer?


Maxi Tell - Desfruto ESCREVER sobre viagens, cultura, espectáculos e amor quotidiano, mas encanta-me debater mas e mas sobre política. Ademais acho que devemos fazer pensar à gente acercando novidades e alternativas sobre questões sociais, solidariedade e educação.


Quer saber mais sobre Maxi, visite o blog: http://maxitell.wordpress.com/